Os diagnósticos e a própria experiência em ambiente terapêutico
- Beatriz Borges
- 13 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

A psicoterapia oferece um espaço essencial para que pessoas neuro diversas possam articular suas vivências de maneira mais integrada. Ao invés de lutar contra suas particularidades, o processo terapêutico permite que o indivíduo se aproprie delas, reconhecendo suas potências e limites. A partir de uma escuta empática e não-diretiva, a pessoa é incentivada a mover-se em direção ao seu "tornar-se", sem a necessidade de se adaptar às expectativas externas.
Nesse caminho, o foco está em aprofundar o entendimento de si mesma dentro do contexto de sua neurodiversidade, respeitando sua singularidade.O que seu corpo te indica? Como você se organiza psicologicamente? A resposta dessas perguntas está diretamente relacionada como você compreende e articula seus sentimentos, emoções e consequentemente, o modo como percebe o mundo a sua volta.
Essa abordagem se alinha à perspectiva fenomenológica, que valoriza a experiência subjetiva de cada pessoa em sua totalidade. O tratamento psicológico, nesse sentido, não busca corrigir o que é diferente, mas criar um espaço de acolhimento, onde o indivíduo possa explorar e compreender melhor seu modo único de ser e estar no mundo. Isso permite que as dificuldades de articulação, muitas vezes sentidas em relação ao ambiente externo, sejam trabalhadas de forma que a pessoa se sinta compreendida e integrada.
O reconhecimento de um diagnóstico relacionado à neurodiversidade é também um passo fundamental nesse processo. Ele oferece uma base para que a pessoa entenda melhor suas experiências e desafios, ajudando a legitimar suas vivências e a buscar estratégias mais eficazes para lidar com elas. No entanto, o diagnóstico não define o indivíduo, mas serve como um ponto de partida para que ele, dentro do espaço terapêutico, possa explorar novas maneiras de se expressar e se relacionar consigo mesmo e com o mundo.
A psicoterapia, assim, torna-se um processo de criação de sentido e articulação psíquica, onde a pessoa pode, gradativamente, apropriar-se de suas particularidades e transformar estranhamentos em autocompreensão e autenticidade. O objetivo não é se adequar a normas, mas construir uma vida mais conectada e coerente com quem se é, respeitando a dinâmica única da neurodiversidade.
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